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HANDLE WITH LOVE PROJECT

Manuela São Simão e Joana Mateus

colaboração do músico JASG e Rádio Zero (Lisboa)



Espaço Ilimitado - núcleo de difusão cultural
7 de Março a 4 de Abril 2009

Curadoria: João Baeta



Inauguração 7 de Março - 16h às 20h


Performance radiofónica por JASG, Joana Mateus e Manuela São Simão,on-going das 17h00 às 19h00 com transmissão simultânea na RÁDIO ZERO (Lisboa) em http://www.radiozero.pt e interacção com as caixas de som alojadas no blog do projecto http://handlewithlove-project.blogspot.com.

Apartir desta performance será desenvolvido um projecto para a rede de rádios RADIA http://www.radia.fm a ser transmitido no mês de Junho (info futura no blog).


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Handle With Love aborda o humano emotivo e sensorial, perspectivando-o como mais um objecto consumível, pelas redes de interrelação sócio-comercial, que o restringem e condicionam enquanto sujeito actuante.

Confrontando as nossas vozes e a capacidade repercussiva dos objectos com a sua concretização gestual e caligráfica, propomos modos concretos e sensíveis de enfatizar uma singularidade identitária que queremos abrir ao colectivo na intenção de sustentar algumas das relações sociais.

Neste projecto distinguimos, pelo menos, duas fases de um processo:
Por um lado, entendemos o espaço das duas salas do Espaço Ilimitado como dois estúdios não estanques. Em cada um deles desenvolvemos acções distintas nas quais, ao contrário do que acontece com o acusmático, os sons não serão ocultados da sua origem, mas será antes assumida essa relação do espaço com os sons concretos nele produzidos. Trata-se de sons provenientes de tarefas simples que durante as 2 horas da performance
on going farão parte da construção da instalação que ficará patente até ao final da exposição.

No “Espaço-Caixa” decorre a produção e reprodução de uma composição sonora, através da captação sonora in loco; simultâneamente, decorre também um processo de esvaziamento dos objectos da "Caixa" que irá resultar numa alteração da acústica desse espaço.

No "Armazém", desenvolvemos um trabalho de organização expositiva e interacção lúdica com caixas, segundo uma intencionalidade do agente performativo em fazer "soar" o seu carácter estrutural de contentor.
A vertente acusmática, no dia 7 de Março, está na transmissão da performance pela rádio.

Aí, o ouvinte é de facto separado do contexto físico e visual no qual os sons são produzidos (apenas não sabemos se irá escutar a peça no escuro...). O espaço expositivo, esse, será a “oficina” no qual esse som é concebido.

Nesta vertente radiofónica do projecto, existe também uma componente interactiva. Convidamos todos os ouvintes da Rádio Zero a escutar a emissão na sua página web e, simultaneamente, a interagir com a nossa peça activando as “caixas de som virtuais” que poderão encontrar no blog do projecto.

Trata-se de um convite à participação de todos, dar voz activa e colectiva àqueles que queiram tomar parte desta performance.

O projecto completar-se-à em Junho, com a transmissão de uma peça sonora de 28 minutos através da Rádio Zero, para a rede de rádios RADIA.

Manuela São Simão e Joana Mateus
Porto, Fevereiro 2009


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Espaço Ilimitado -Núcleo de Difusão Cultural

Rua de Cedofeita, 187 - 1º, 4050-179 Porto

Tel.(+351) 91 3812544

espacoilimitado@gmail.com | i.antimateria@gmail.com

Sexta-feira e Sábado, das 16h00 às 19h00
Ou por marcação prévia

Friday > Saturday, from 4 p.m.to 7 p.m.
Or by appointment

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Algumas imagens documentativas do projecto por João Pádua:





















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Handle With Love project

um projecto num local

“the street finds its own uses for things”, William Gibson

"Após convidar Joana Mateus e Manuela São Simão , sucederam-se algumas conversas para discussão e compreensão do projecto que iriam apresentar, situação que se revelou o método desta colaboração.

Existia uma ideia, um conceito, algumas referências formais existentes no trabalho de cada uma, além de terem já estabelecido como âncora o nome do projecto.
Durante o decurso deste processo, foram sendo apontadas questões relacionadas, tal como, na estética relacional de Nicholas Bourriaud, considera que a arte surgida apartir dos anos 90 deve ser avaliada pela capacidade de estabelecer formas decorrentes da produção, representação ou estímulo de relações intersubjectivas (BOURRIAUD, 2002, p.112), resultantes da associação, por apropriação e desvio ou por encontro aleatório, de objectos, imagens, ideias, processos e situações.

No momento em que a sociedade actual com excesso de informação e com meios de comunicação programados para transformar o ser humano em consumidor de seus subprodutos pré-rotulados, cabe à arte a tarefa de estabelecimento de vínculos, desobstrução de passagens e conexão de níveis de realidade distanciados e operar pequenas modificações na configuração de modelos de sociabilidade e de troca alternativos, contrários ao funcionamento das zonas de comunicação pré-fabricadas (ibid., p. 8, 13 e 16).

Assim não apenas por reacção a algumas preocupações de carácter social, antropológico ou mesmo bio-político, mas resultado de um fluxo natural de pensamentos, surge neste contexto a participação do Jasg.

Ao longo das duas semanas de residência no Espaço Ilimitado, além do conceito foram estabelecidos os meios. Percebo no final da montagem que além de uma instalação e da realização performance acusmática no dia da inauguração, este colectivo tinha no espaço expositivo, agora delimitado por duas zonas distintas, a Caixa e o Armazém, criado uma obra-processo, uma instalação performativa.

No meu ponto de vista curatorial, o processo de construção quase natural e intuitivo, permitiu ser utilizado como mais um recurso, uma ferramenta mais, em vez de acompanhar este colectivo de artistas como se fosse uma “máscara iluminada”. Reforça-se a importância de apresentar Handle With Love não como um projecto acabado, mas que se transmuta na inclusão dum labirinto de meios: a emissão rádio, a instalação, o blog , a performance, o registo vídeo, o meu relato.

O fenómeno cultural, sendo humano, interage com o tempo, com cada tempo, interpelando a memória, a inteligência e a sensibilidade humanas. A sua compreensão não depende só do ponto de vista em que é observado e da possível objectividade da observação, mas também dos estímulos insubstituíveis da tolerância e da empatia. Deste modo a existência virtual das caixas sonoras no blog, a emissão de rádio e mesmo a duração (duas horas) da acção/ performance determinou a relação do espectador com os artistas. O público esteve o tempo que lhes interessou, geriu o seu tempo, vivenciou um fragmento ou o todo. Entrou e saiu. Voltou a entrar.

Joana Mateus e Manuela São Simão, no inicio da performance começaram por mimetizar alguns dos comportamentos repetitivos da nossa sociedade actual , que ao contrário do que se previa com o advento das novas tecnologias, como resultado do aumento da capacidade de produção, iria aumentar a qualidade de vida do homem, pois existiria mais tempo para desfrutar. Afinal saqueou o que existia e escravizou-o em rotinas obsessivas e descaracterizadoras.

A colaboração de Jasg transformou e reforçou na acção, um incessante codificar, descodificar, recodificar.

Aquilo que podia ser mimetismo transformou-se em tarefa real obsessiva. Como observador e por ter me deslocado pelo espaço a efectuar o registo em vídeo, pela proximidade física, percebi como estavam efectivamente dentro daqueles personagens.
Eram esses personagens. Absorvidos pelo movimento, pelo esforço, pela tarefa. Absortos do espaço que os envolvia, daqueles que estavam presentes.

A realidade não podia ser mais real."

Porto, Março 2009
João Baeta
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Links para a reportagem realizada por Sara Santos Silva para o Jornalismo
Porto Net:




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